domingo, 27 de maio de 2012

Liberdade


As crianças estão sós.
Passeiam livremente pelas calçadas, pelas ruas.

Há sinalização indicativa das permissividades.

O dia é alegre e ensolarado.
Há possibilidade de chuva, mas não precisam de bengalas protetoras.

Água de cima não faz mal:
Irriga a terra e os sonhos de verdes esperanças.

A volta é tranquila.
Não há trovoadas e os pássaros cantam indicando sua passagem.
Alegres, os meninos conversam qualquer algo; o assunto não importa.

A felicidade reina em suas presenças.
A volta – não se sabe quando, já é esperada por seus familiares.
Sua chegada é amena e seu trânsito eficaz.
Benditos jovens.

Escrito por Yuri Manique
Em 05/04/2008

domingo, 13 de maio de 2012

Decisões

As possibilidades,
Muitas.
As opções,
Poucas.

O mundo é maior que eu,
Mas não me surpreendo.

Esquerda,
Direita,
Em frente.

Rédeas espontâneas.
O controle efetivo não afeta.

O fato é feito de escolhas.
Paro.

Escrito por Yuri Manique
Em 04/04/2008

domingo, 6 de maio de 2012

Períodos despertos

Não consigo dormir.
São noites sem sono.
São dias sem sonhos.
São períodos despertos.

Não há vida noturna.
Não há vida diurna.

As tardes são minha vida.
Vésper, a estrela da tarde, que me guia.

O exame é contínuo e prolongado.

Sono venha e me deixe dormir nos braços de Morfeu.

Escrito por Yuri Manique
Em 03/04/08

domingo, 29 de abril de 2012

Passos

Deixei meus sapatos à sapateira.
Não preciso deles.

Não há buracos.
Não Há percalsos.

As sandálias me suprem.
Também posso pisar descalço.

A liberdade não é algo distante.
Posso ver no solo pegadas firmes de segurança.

Pelas largas ruas caminho sem direção, sem destino.

Sem alguma culpa procuro meus erros.
Mas não há erros nem acertos.

O que existe é apenas uma pessoa.

Escrito por Yuri Manique
Em 03/04/2008

domingo, 22 de abril de 2012

Conta-ataque

Inimigos batem às muralhas do forte.
A cortesia não me permite educar.
São notáveis os rojões a ruir.
Ruínas são seus objetivos?
O mar se abre à caçada.

Não há continuidade do ataque.
Já não é tão azul o líquido que rosna branco a quem lhe pergunte:
-Alguém tem fogo?

Escrito por Yuri Manique
Em 27/03/2008

domingo, 15 de abril de 2012

Daquelas que se vendem em filmes

Descalço os pés e posso senti-los latejar
[quentes como sopas de botas daquelas que se vendem em filmes.

O cheiro está próximo dos esgotos, mas não uso talco - um branco que [mais parece produto de apagar incêndios - neles

Prefiro sandálias, apesar de o chulé ser quase o mesmo.


Escrito por Yuri Manique
Em 26/03/08

domingo, 8 de abril de 2012

Sentimentalismo analógico-digital


As letras dramatizam os roteiros digitais transcritos pelas pontas [dos dedos das mãos sem melodramas.

E elas, não lembradas neste momento,
deleitam a dor de dizer que não queriam mais ser mãos,
não fossem os mesmos dedos.

Agora chamem-se os punhos, que, postos a teu favor,
latejam como lágrimas escorridas após uma declaração de amor.


Escrito por Yuri Manique
Em 25/03/2008